"Quem te viu, quem te vê...?!"
A praça de Maniçoba, que já foi uma das mais belas e mais cuidadas de todos os povoados da região, ganhando, inclusive, da sede municipal, hoje, assim como a maioria das coisas públicas do município de Capoeiras, encontra-se entregue às baratas.
Lembro-me quando criança, onde junto a todas as crianças do povoado, brincávamos de pega-pega, esconde-esconde, aproveitando das grandes e fechadas plantas que eram ideais para brincadeira, pois de tão fechada, após o guerreou, ninguém mais nos via. Quem não lembra quando a televisão ainda não era um bem popular por essas bandas, que a prefeitura colocou uma TV nessa casinha da foto, sentávamos nos bancos, no chão, bancas que levávamos quando não encontrávamos mais lugar para sentar e virávamos a noite assistindo, paquerando... Como era bom... Como se paquerou naqueles bancos, quantas conversas hilárias eram trocadas naqueles bancos, quantas fofocas... as janelas do povoado nos viam e nós víamos as janelas, ali sentados.
Na Festa de Nossa Senhora da Salete, eita que não sobrava espaço pra ninguém, os casais tomavam os bancos, as calçadas, a parede escura da igreja...
Como diria o saudoso Manuel Bandeira: "Foi há muito tempo"
É muito triste, como filho de Maniçoba e, assim como todos que a amam, vê-la nesta situação. Saber-se que ela está assim porque não é de hoje que não é cuidada. Há quantos anos não vemos um projeto de melhoria para o nosso povoado?! Interessante é que, antes de se pensar em reformar nossa querida praça, de trazer de volta nosso espaço de encontro, de bate-papo e descontração, o nosso Governo Municipal pensou em colocar um nome e um busto.
Refletindo o assunto, o que acho mais interessante ainda é que, sabendo que desde quando temos conhecimento dos registros de memória escrita, os monumentos são estudados como intimamente relacionados com o poder. Aí, matei a questão. Por que o Prefeito queria que fosse o seu sogro a dar nome à praça, que teria seu busto? É óbvio que é para perpetuar o nome da família no poder, não por ter seu nome como um dos construtores de nossa história, pois assim não o fez. Pois, como já é sabido, ele apenas fez a praça, mas a fez como dever, usou dinheiro público, esse que pagamos os impostos com o suor do nosso trabalho. Seu José Ribeiro, não, não tinha obrigação de nada, só amor, coisa que falta a muitos políticos, que só fazem as coisas por interesse, e com amor ele doou o terreno para construção do povoado, chãos de casas, chão da igreja, da casa paroquial, da praça, de parte do cemitério, arrecadou dinheiro, garrotes, brindes para a primeira festa de Nossa Senhora da Salete e as seguintes, botou dinheiro do bolso, seu suor e de seus filhos, familiares e amigos para a construção da igreja. Seu José Ribeiro sim, devia dar o nome a praça, e olhe que, como reconhecimento de sua importância a nossa história, já tem até busto feito pelo nosso artesão Manuel de Zeca.
Como pode ser facilmente observado pelos moradores, quem quiser ir à praça e não ficar em pé tem que levar seu banquinho ou cadeira de casa. É muita vergonha! Assim, que quiser ver a praça com plantas tem que ir lá, plantar e regar todos os dias. Ah, também vamos fazer uma campanha para arrumar aqueles blocos para reestruturar o seu piso, pois são inúmeros os tropeções levados diariamente pelas pessoas que transitam na praça, tenho medo que um dia alguém chegue a quebrar a perna ou o braço, e vai que o carro da saúde esteja quebrado ou a serviço de motivos particulares, que a situação é mais agravante ainda, vai corre atrás dum vereador, que só serve como assistente social pra fazer esses favores e soltar bandido da cadeia e em troca ganhar o voto do servido e de sua família. É mais um voto vendido, como já é de costume... ai, ai... favores médicos, funerais, construções, feiras, dinheiro, promessas de emprego à família que tiver mais votos... Digo sempre a mim mesma: Vai com calma, Maniçoba é só mais um cantinho, nesse imenso Brasil, que sofre com esses maus políticos!
Olho com muita tristeza tal desprezo por esse tão rico lugar. Tantos talentos que podem ser explorados. O Pastoril, O Reisado, a Asa Branca, os esportes merecendo atenção. É horrível o tratamento dado aos grupos culturais de nosso lugar. Reconhecidos na Capital Pernambucana, em Garanhuns, em todo lugar onde se apresentam, e em nosso lugar são deslocados em pau-de-arara, que não tem nem lugar para sentar. Lembro de uma situação que as coitadas das mães que acompanhavam suas filhas no grupo de Pastoril tinham que se segurarem, já caindo por cima uma das outras no caminhão, e ainda segurarem suas filhas. Uma casa-patrimônio, como é a casa de Seu José Ribeiro, não se ter nenhuma política para ela, prestes a cair, sendo que é um marco na história do povoado, casa de seu início, agora entregue a desalmados que jogam um monte de entulhos dentro e em seu redor. Pedimos providências! Enquanto cidadãos, precisamos ser tratados com dignidade, ao menos ser pensados pelo governo. Nossa Cultura clama por espaço nas políticas de governo do município.
Fica a nossa desaprovação ao atual governo, que deve se cuidar, pois o nosso povo não é besta. Uma mudança deve estar por vir. Como já falava o ditado popular: "Errar é humano e permanecer no erro é burrice".